6.1.12

Princípios Básicos da Meditação
Concentração e Investigação
Sagarapriya


Existem diversos métodos de meditação na tradição budista. Por um lado isso reflecte a variedade de tipos de pessoas e a consequente necessidade de aplicar o método mais apropriado para cada tipo. Por outro, nas muitas partes do globo, por onde os ensinamentos do Buda passaram, desenvolveram-se diferenças de ênfase na forma de praticar que reflectem o contexto de cada lugar. No entanto, pode-se dizer que os diversos métodos existentes partilham os mesmos princípios básicos.

Concentração
A concentração é essencial na meditação por ter a função de acalmar a mente. Ao escolhermos pousar a atenção num só objecto, atenuamos o impacto das pulsões opostas de avidez e aversão que habitualmente agitam a mente. Não se trata de parar os pensamentos ou levar a mente a ficar em branco ou vazia. O objectivo é deixa-la mais calma e maleável. Para isso erradicamos os factores que perturbam a calma e cultivamos aqueles a favorecem.
As práticas meditativas que enfatizam a tranquilidade mental através da concentração são conhecidas como "meditação samatha". O termo samatha, neste caso, refere-se a todas as práticas direccionadas ao desenvolvimento de estados de consciências elevados caracterizados por profunda absorção. Num sentido mais lato, samatha pode ser entendido como calma, tranquilidade.

Professor de Meditação

Investigação
Investigação no domínio da meditação não se refere a um exercício intelectual. O que se pretende é avivar as capacidades perceptivas naturais da mente - a capacidade de iluminar aquilo com que entra em contacto, perceber o outro. O princípio da investigação na meditação envolve "olhar" atentamente para a nossa experiência, notando as diversas percepções que se desdobram a cada instante, tanto ao nível físico como mental. Envolve reconhecer esses diversos aspectos e estar receptivo a perceber o que é que se passa. Ao investigarmos a nossa própria experiência tornamo-nos mais claros em relação ao que sentimos, pensamos, fazemos e também quanto às suas consequências. Com isso abre-se a possibilidade de mudança e maior criatividade. As práticas meditativas que enfatizam este aspecto da "investigação" são vocacionadas para o desenvolvimento da sabedoria ou insight, e conhecidas como "meditação vipassana". O objectivo deste tipo de meditação é a experiência directa da natureza última da existência.

Ao meditar, contrapomos o hábito de reagir com aversão perante a possibilidade de dor, cultivando uma atitude de aceitação e abertura. Reconhecemos que não adianta escondermo-nos daquilo que já é, e propomo-nos a apreender o que é que realmente se passa. A clareza que daí advém é um aspecto essencial para uma resposta criativa e apropriada à vida. Ao meditar, vivemos não a partir de hábitos adquiridos, mas sim a partir da nossa experiência vivida - o que é que esta a acontecer neste instante? Aceitação envolve tornarmo-nos conscientes de quem somos - tanto das nossas qualidades positivas como as negativas, as capacidades e as limitações.

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